O filme abre com uma colagem dos eventos que marcaram o mundo nas últimas cinco décadas, colagem que antecipa a mestria com que a ação entre super-heróis da Marvelandia vai evoluir, um toccata e fuga que faz lembrar- pasmem-se- o Metropolis de Fritz Lang. Zach Snyder, cujo anterior 300 foi cuspido pela crítica local (incluindo o nosso Rodrigo Santoro), deu um salto qualitativo neste seu novo épico, o que não elimina as qualidades visuais e lúdicas de 30O.
WATCHMAN é dark, com um tempo de projeção que pode fazer a turma que só sabe mandar text messages desistir. Mas, para os que vajaram com o Kubrick de 2001, o DIA EM QUE A TERRA PAROU, o original de Robert Wise ou THE MAN WHO FELL TO EARTH de Nick Roeg, WATCHMAN é uma grande pedida.
O novo doc de Helena Solberg é um bombocado - Chico, Bethania, Tom Ze, Lenine, Visnik, Arantes entre outros põem em discussão se letra de música é poesia, como se o Parnaso fosse parnasiano. Como a poesia é democrática mas individualista e, em sua maioria,um fenômeno verbal que desafia os não-crentes, quando aliada à musica, deixa pra lá seu falso elitismo e proporciona ao ouvinte momentos sublimes e insequecíveis.
Assim foram as parcerias de Tom com Chico e Vinícius e vice-versa. O que o filme traz é o prazer orgásmico da plavra cantada desde os trovadores medievais, e a memória de Helena Solberg e seus parceiros e muito bem-vinda neste momento de leis ortográficas que tentam por as rédeas na poesia inata que encontramos nos erros e acertos da nossa língua gulosa de imagens e de nossas palavras (en)cantadas.
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