sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

NY Depois da Posse por Fabiano Canosa

E o vento levou a primeira semana do presidente Obama, botando ordem na casa, cancelando uma dúzia de ordens presidenciais de última hora do seu predecessor, finalmente dando sossego à turma dos direitos humanos com a promessa de fechar Guantánamo. Para não falar do famoso pacote de estímulo à economia, que assusta os republicanos insulados em seus gulags, sem perceber que o mundo mudou, que o projeto de nação não invalida diversidade, contrastes e paradoxos.

Muito bate-boca vai rolar entre as facções direita/esquerda, mas o caminho de um governo centrista e o mais provável para o presidente pragmático que, como todo político inteligente (rarefeitos como o ar Andino), será meticuloso no plano geral, mas fazendo concessões (inevitáveis), para não entornar o caldo.Guardem um nome entre os mais próximos da administração do novo presidente: Rahm Emmanuel, um exaltado democrata, um anti-Dick Chaney, que pode vir a ser o Disraeli da galera.

Quanto à economia, é só você sair na rua e ver uma reprise dos males infligidos a nós, brasileiros, pelo plano Collor. Tá todo mundo de ressaca. De ressaca de cartões de crédito, de liquidações até em butiques da Madison Avenue. Os restaurantes estão às moscas, metade dos shows da Broadway estão vazios ou encerrando as temporadas, a última loja de discos de Manhattan - a Virgin Records - está fechando as portas a qualquer momento.

Mas a esperança no homem é enorme, quase messiânica. Espero ansiosamente as próximas reuniões em Washington. Se a direita não tiver um chilique e deixar passar os estímulos propostos, pode ser que nos dois próximos anos a situação melhore. Mas no poço a que o Bush levou o país (que Deus o condene), o buraco e bem mais em baixo.

Para não falar das guerras: Afeganistão/Paquistão, Iraque e o FlaxFlu Israel/Palestina, uma monstruosidade sem solução de continuidade, o principio e o fim de tudo. Juntando a tudo isso, o Iran e a Coreia do Norte, qual será o nosso amanha? Esta agenda ferrada do Obama é só pra começar. Energia, Educação, Ecologia ficam para a próxima. A esperança é a última a morrer, e o estadista poderá sair desses percalços (?) se tiver jogo de cintura, e souber transar o planeta em transe.

Os mais cínicos podem rolar de rir com o peso que lhe cai nas costas, mas o gênio do Obama reside em seu comportamento fleumático. E em sua inteligência. Quatro anos atrás, ninguém tinha ouvido falar dele. Hoje em dia, seu nome é uma invocação em defesa do planeta.
Quem viver, verá. Na próxima, os Oscar.

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